Vou tentar ser relativamente rápida (e não vou conseguir,
claro!), como a internet solicita, e ao mesmo assim efetivar uma pequena
análise sobre a terrível ELEIÇÃO que ocorreu no último domingo. Na verdade, a
intenção é só levantar alguns pontos para a reflexão. Precisamos pensar no que
aconteceu e não apenas chorar. Minha motivação é sempre a solicitação de meus
alunos que querem continuar o diálogo e também a reação das pessoas. A reação
mais comum foi o ESPANTO, A INDIGNAÇÃO, A INCOMPREENSÃO de como coronéis,
advogados liberais, delegados, evangélicos de todos os tipos e espécie, políticos
tradicionais ganham com essa contagem de votos.
Afinal, no caso de SP a DESTRUIÇÃO
DA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL, OS ANALFABETOS FUNCIONAIS, A FALTA DE PROJETO
EDUCACIONAL E A SITUAÇÃO DO PROFESSORADO JÁ SERIA MOTIVO SUFICIENTE PARA
NINGUÉM REELEGER O PSDB PARA O 6º MANDATOS. No entanto, pimba, 57% dos votos e reeleição do picolé de chuchu já no 1º
turno.
MINHA LEITURA é a mesma que de todos os meus pares, não
difere: DESGOSTO E LAMENTOS. Mas
precisamos nos lembrar de algumas coisas. As eleições dentro da DEMOCRACIA deveriam
assegurar a garantia das liberdades políticas a todas as classes sociais para
se organizar partidariamente ou em movimentos e indicar representantes ao
Parlamento. Mas o que se esquece (ou nem se sabe) é que desde as revoluções
burguesas (Inglesa e Francesa) o ESTADO É BURGUES, portanto vivemos sob a égide
da DEMOCRACIA BURGUESA, e apesar de discursivamente se apresentar com uma
comunidade voltada para a realização de todos os indivíduos, na verdade tem o
papel de CONSERVAR
O MODELO POLÍTICO E ECONÔMICO TAL COMO ESTÁ.
O retrocesso, o atraso político, o conservadorismo dos votos,
O VOTO DA CLASSE MÉDIA CONSERVADORA EM POLÍTICOS BURGUESES TRADICIONAIS E O
VOTO POPULAR EM PASTORES OU FIGURAS MIDIÁTICAS SÃO A MESMA COISA (apesar da
classe média falar que é o “povo burro” que não sabe votar) são sintomas.
E aí temos que lembrar
vários pontos que integram a análise, ou seja, NÃO EXISTE UMA ÚNICA EXPLICAÇÃO
PARA O QUE OCORREU, vejamos:
1. 1. Percebemos
(ou nos lembramos) que ainda não tivemos um processo de desalienação real. Nem vou entrar no mérito mas nunca tivemos
um processo de politização no Brasil.
2.
O
discurso violento, de controle e austeridade ainda se sobrepõe nos momentos de
crise, nos momentos da desesperança. Ver as eleições na Europa onde a ascensão
da direita extrema e nacionalista foi considerável, e não é primeira vez, é bom
lembrar da década de 30... O recrudescimento do conservadorismo é um fenômeno histórico
conhecido.
3. 2. Temos
um grave problema no Brasil; a MÍDIA. Além de nossos anos mergulhados na Ditadura Militar,
e consequentemente, uma grande número de pessoas formadas aos moldes dos cursos
de OSPB e Educação Moral e Cívica, prontos para uma sociedade capitalista
cindida em classes cada qual com sua função social clara, temos a grande mídia
que interfere, distorce, reforça, amplifica, omite tudo em nome da conservação
do status quo. Nesse ponto, muitos e muitos são LEVADOS/INDUZIDOS ao erro. Por exemplo, apresentar o Skaf como
representante dos trabalhadores: excelente sacada!
4. 3. Outra
coisa, efetivamente é preciso construir uma oposição e um nome de peso para
combater o CONTINUÍSMO em SP. Foram muitos que disseram não estar contentes com
o PSDB mas que não viam alternativa de força?!?! Como atingir esse cidadão?
5. 4. Cada
classe aí tem cumprido de certa forma seu papel, a classe média brasileira
continua horrorizada com o PT E SUAS POLÍTICAS SOCIAIS. Conhecem muito pouco da
realidade do interior do país, desconhecem a pobreza e miserabilidade de perto.
Violência para eles é o medo de ter seu celular, seu carro e casa roubados por
marginais urbanos. É normal que critiquem o que não conhecem, o que não
compreendem e a realidade da qual eles não fazem parte. A BOLSA FAMÍLIA para
eles é um crime e não uma salvação para uma população excluída do capitalismo,
estes realmente acreditam que a oportunidades sobrando para todos, que é só
trabalhar e etc...
6. 5. E
a TRADIÇÃO ANTIPETISTA que ganhou mais força a medida que eles ficam mais tempo
no poder é também um fator importante para ser analisado. Eu não sou petista,
mas no momento que faço a crítica ao PSDB já sou automaticamente rotulada de
petista, apesar do meu rompimento com o PT . Mas que triste derrota a troca de
um personagem como o Suplicy pelo Serra!!!
Ontem uma aluna me elogiou pq eu disse há algum tempo que a
Marina não chegaria ao 2º turno (e ela estava convicta que sim). Eu disse que
na reta final a classe média não votaria na Marina e decidiria pelo tradicional
embate PT x PSDB. Era óbvio. A MARINA EVANGÉLICA, CARA DE NORDESTINA, VINDA DO
PT tem o estereótipo da empregada doméstica da senhora da classe média. E por mais que sua atuação política hoje esteja
bem longe de suas origens, não agrada em
nada nossa classe média elitista. Que bom...rsrsrsrs. Fato é que o Aécio é um
concorrente muito fácil para a Dilma...muito.
ENFIM, ainda há muitos outros fatores que precisam ser
analisados para se MONTAR UM QUADRO SOBRE NOSSA ATUAL CONJUNTURA POLÍTICA, mas por
hora, vale lembrar duas coisas que são
para mim muito importantes: a eleição de gente como Jean Willis e o engajamento
de uma juventude (branca, de classe média, urbana, universitários...) que
teriam tudo para o conservadorismo puro e que nesta eleição escolheram a
esquerda.
COMO EU SEMPRE DIGO, NÓS AINDA
EXISTIMOS, SOMOS A PEDRA NO SAPATO DELES, SOMOS A MOSCA NA SOPA...
Não é fácil ser “gauche na vida”....
Muito bom o seu texto. Gostei muito das considerações acerca da candidata derrotada Marina. Quanto a SP precisa de fazer um estudo sobre esse fenômeno tucanato. Temos um nordestino que veio pra SP e tornou-se o primeiro trabalhador presidente. Mas em contrapartida temos muitos nordestinos que vivem em SP que odeiam o PT. Qual a sua visão sobre isso?
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