terça-feira, 30 de abril de 2013

Dia Internacional da Luta do Trabalhador: Homenagem e Luta

          No dia 1º de Maio, Dia Internacional da Luta do Trabalhador, gostaria de lembrar o texto do grande dramaturgo  alemão, Bertolt Brecht em que questiona a forma que a História, sempre contada pelo viés dos vencedores ou das classes dominantes, narra os feitos históricos sempre deixando de lado aqueles que efetivamente fazem a História e são os sujeitos históricos responsáveis pelo movimento da História.  Trabalhei muito com meus alunos em sala de aula pedindo para que eles fizessem releitura da poesia substituindo os feitos e nomes por temas da História do Brasil. Os questionamentos são sensacionais e faz todo mundo pensar...
    Aproveito para dedicar a todos os trabalhadores, camponeses, professores, artistas, mulheres, negros, gays, sem terra, sem teto e todos aqueles que sofrem de alguma forma com a desigualdade e preconceito...um vídeo com a maravilhosa e saudosa Mercedes Sosa, que nos lembra que somos todos LATINO AMERICANOS  e que nossa LUTA É A MESMA. 

Um abraço.

Sólo le pido a Dios  - 

http://www.youtube.com/watch?v=Gvyl_zdji2k&feature=youtu.be


Perguntas de um trabalhador que lê
Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros constamos nomes dos reis.
Foram os reis que arrastaram os blocos de pedra?

E a Babilônia tantas vezes destruída
Quem a ergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro
Moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros

Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo
quem os levantou?
Sobra quem triunfaram os césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácios
Para os seus habitantes?

Mesmo na legendaria Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Os que se afogavam gritavam pelos seus escravos?
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?

César bateu os gauleses.
Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?
Felipe de Espanha chorou quando sua Armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem, venceu alem dele?

Uma vitória em cada página.
Quem cozinhava os banquetes da vitória?
Um grande homem a cada dez anos.
Quem pagava as suas despesas?

Tantos relatos.
Tantas perguntas


sábado, 27 de abril de 2013

APRESENTANDO...

Estou inaugurando este espaço de exposição de ideias e reflexão postando textos anteriormente publicados na minha página de Facebook. Colocá-los foi um pedido de alunos que relataram a dificuldade em localizar textos na linha do tempo que se move o tempo todo. O primeiro texto é justamente Qual a função do Facebook? que originou a organização deste BLOG, mais adequado para as discussões mais aprofundadas e menos rasteiras do que nas redes sociais. De fato, nem TODOS os debates eram adequados a TODOS e nem TODOS estavam interessados em TUDO. Além disso, tem o problema dos dilemas entre o senso comum e as análises mais acadêmicas. Por vezes, alguns debates mais científicos são vistos como arrogância  intelectual. Para tal, tentarei (não muito certa de que conseguirei....) fazer desse BLOG o espaço mais adequado para esse contato com meus pares, realidade possibilitada por estes novos canais de comunicação em rede. Espero contar com a ajuda, sugestões, trocas e compreensão de todos os que aqui frequentarem. 
Um abraço.

A luta por uma educação pública e de qualidade


Publicado originalmente no FACEBOOK Dia 18 de abril de 2013.


Greve dos Professores da Rede do Estado de São Paulo.
Minhas esperança, minha luta por uma educação 
pública e de qualidade.

Espero que amanhã (19 de abril), caros alunos e já professores, todos atuem de forma condizente com suas reclamações e percepções sobre a real situação da educação brasileira e dos professores. Que todas as lamúrias, tristezas, frustrações, desrespeitos e abusos sofridos por nós professores se transforme em arma de luta e não em comodismo e pessimismo. Para quem não for pra luta amanhã eu indico ler O PROFESSOR E O COMBATE A ALIENAÇÃO IMPOSTA, clássico que ajuda a entender a existência dos pelegos coisificados da educação. Um trecho para reflexão:
 "aqueles educadores que jamais se acomodaram totalmente ao sistema e desejam ardentemente sair do círculo de alienação que veio e vem de “cima para baixo”. (...) Os educadores, após uma reflexão consequente sobre os porquês de seus lamentos, têm de partir para o delineamento e execução de outros esquemas de ação, no âmbito das escolas e da sociedade"

ENTRE A RAZÃO E A EMOÇÃO: POR QUE SOU CONTRA A MAIORIDADE PENAL


Publicado originalmente no FACEBOOK Dia 12 de abril de 2013.

ENTRE A RAZÃO E A EMOÇÃO: POR QUE SOU CONTRA A MAIORIDADE PENAL

      Infelizmente, quando uma coisa brutal e estúpida como a morte de um garoto de 19 anos acontece todos se revoltam e os ânimos se exaltam. Nesse momento as pessoas cobram uma medida imediata que compense a DOR, que é horrível e acham que A SOLUÇÃO DO PROBLEMA está em modificar as leis, ou a lei. Penso que se devíamos aplicar as leis e não mudá-las. Cadê o atendimento “às exigências do bem comum”?
      Podemos sim diminuir para 16. E QUEM COMETE CRIME AOS 14? E AOS 12? Minha bolsa foi levada por um menino que não tinha 10 anos...E? Vamos colocar esses meninos onde? No nosso SISTEMA CARCERÁRIO? Ao invés de faculdade do crime, teremos também ensino básico. O que estamos cobrando? Solução ou vingança? Por que podemos prender o assassino do Victor hoje, (o que acho que deve ser feito, não entendam errado) mas quando ele sair pode ser eu, qualquer um de nós e absolutamente nada foi resolvido. PORTANTO, JÁ QUE É PRA GRITAR, FAZER BARULHO, AGARRAR UMA CAUSA, LUTAR, QUE SEJA PARA TRANSFORMAÇÃO DE FATO ESSA SITUAÇÃO. 
     É preciso políticas públicas para impedir que nossos adolescentes queiram virar infratores. AS PERIFERIAS ESTÃO ABANDONADAS, não tem lazer, não tem creche para as crianças, não tem cultura (a não ser a que eles mesmos produzem), não tem infraestrutura, não tem transporte de qualidade, não tem moradia digna para todos, não tem educação de qualidade (as escolas estão falidas, os professores exaustos, os alunos desacreditados). NÃO SÃO TODOS OS JOVENS DA PERIFERIA QUE ENTRAM NA CRIMINALIDADE...por que se fossem todos estaríamos presos em casa agora! Mas uma boa parte vai sim. Fui professora de escola pública no extremo da periferia por anos e tive muito aluno que tentou. (E tive muitos que conseguiram!) Constantemente assediados mas firmes. Até que era impossível resistir ao único mundo que se apresentava para eles como viável e real. E o que nós tínhamos para oferecer: nada. 
Onde estava o Sr. GOVERNADOR? Fazendo o que ele sabe, provavelmente desalojando famílias no Pinheirinho e mandando bater em quem resistir. 
***SINCERAMENTE, QUANDO SE COBRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL É PENSANDO NESSES JOVENS NEGROS, POBRES E ARMADOS DAS PERIFERIAS, NÃO SE PENSA NO MOLEQUE QUE PEGA O CARRÃO DOS PAIS E NUM ATO INCONSEQUENTE ATROPELA ALGUÉM NA RUA, NÃO É?
       A discussão é muito maior que isso aqui. Por exemplo: matar, votar e dirigir são coisas completamente distintas, mas são usadas com o mesmo argumento para aceitar a redução. Não se reduz índice de criminalidade com essas ações. Vejam os casos europeus de combate com programas para menores carentes. Não podemos banalizar o debate. Acho que temos sim que cobrar uma reforma nas leis arcaicas e tornar mais rígidas punições para os crimes. MAS ANTES PRECISAMOS DECIDIR SE QUEREMOS FAZER APENAS UMA MAQUIAGEM NAS REAIS CAUSAS DOS PROBLEMAS OU REALMENTE RESOLVE-LOS?

Capital voraz: THATCHER, FELICIANO, VICTOR DEPPMAN e a desumanização


Publicado originalmente no FACEBOOK Dia 11 de abril de 2013.


Capital voraz: THATCHER, FELICIANO, VICTOR DEPPMAN e a desumanização
     É mais de uma da madrugada e não consigo dormir! Esta semana algumas notícias fizeram parte insistentemente de nosso dia a dia. E no FACEBOOK, uma rede social onde nos relacionamos e trocamos ideias, piadas, convívio e opiniões, não foi diferente. Algumas pessoas, com certa razão, se cansam da repetição temática: O PREÇO DO TOMATE, A PEC DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS, O PASTOR FELICIANO, A MORTE DA M. THATCHER...
    Mas penso que o FACEBOOK cumpre vários papéis. Para mim, aproxima por que estou muito longe de quem eu amo, me aproxima de ex-alunos e amigos distantes, faz parecer que ainda tenho uma rotina com antigos companheiros de trabalho, me faz rir (muito) e chorar (às vezes), me dá condições de expressar minhas angústias sociais (não as pessoais) e minhas bandeiras de luta, denunciar e divulgar tudo aquilo que acho pertinente. Como todo professor, sou formadora de opinião, e certo número de pessoas me ouve pois buscam compreender o entorno. 
É por isso que depois da morte do VICTOR, ALUNO DA CÁSPER e da reação das pessoas depois do fato, é que fiquei pensando na ligação desses assuntos todos desta semana: tudo fruto de um mesmo debate. QUE SOCIEDADE É ESSA? O QUE ESTAMOS FAZENDO? 
    Infelizmente, eu não posso nesse momento de dor julgá-los, mas depois de uma morte trágica, sem explicação aparente, as pessoas não querem escutar as análises sobre as condições geradas pela sociedade para que tais fatos ocorram. Desejam justiça, seja lá o que cada um interprete como justo. Já apareceu em primeiro lugar a ideia fácil de MAIORIDADE PENAL, como se isso fosse resolver o problema da violência ou ao menos como forma de vingar. Essa é uma ideia banalizada, sem propósito nenhum e como toda a proposta reacionária não prevê mudança significativa nas causas da violência. A FALTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS, A PRESENÇA DO ESTADO, EDUCAÇÃO, CULTURA, MORADIA, DIGNIDADE, ENTRE OUTRAS QUESTÕES QUE NÃO VEM À TONA NA HORA DA CATARSE EMOCIONAL APÓS O TRAUMA. 
    Vivemos sim uma situação terrível de DESUMANIZAÇÃO. Sou historiadora e não tem como não lembrar que situações desumanas são recorrentes em nossa história. Nas guerras da antiguidade, nas cruzadas, na inquisição, contra as mulheres em todas as guerras, contra os camponeses na Alemanha de Lutero, contra os trabalhadores na revolução industrial e outros tantos exemplos que não me ocorre agora citar. Mas em nosso tempo os tipos de desumanização ganham visibilidade e “chegam” mais próximo de nós. São câmeras, celulares, tvs, notícias instantâneas (por vezes sensacionalistas). Erroneamente achamos que é só no Brasil, mas são inúmeros exemplos que mostram que não. A menina que se suicidou ontem no Canadá após ser estuprada por 4 jovens e ter a foto da agressão divulgada na rede, o homem na Áustria que prendeu a filha por 24 anos no porão e teve 7 filhos – só para citar algumas absurdidades que me veio na lembrança. 
    Mas o fato é que a sociedade produz um mundo competitivo, baseado no consumo, na desigualdade social extrema, E NÃO QUER PAGAR A CONTA. Defender a sociedade do capital é possível apenas quando vc só fala das coisas boas e normalmente que não te afetam: a FOME, A MISÉRIA, A EXPLORAÇÃO. Tudo isso são fatores geradores dessa violência que aí está. E HÁ MUITO TEMPO. Ficamos indignados quando ela chega perto de nós. Mas ela já está faz tempo nas nossas PERIFERIAS DO MUNDO matando e barbarizando a civilização. As ações violentas só fruto dessa sociedade e não adianta falar apenas no individuo. Quantos meninos como este que matou o Victor existem? Quantos não são impulsionados a ter, possuir, consumir, valores amplamente disseminados nos nossos meios de comunicação, e passam a desejar aquilo que NUNCA irão possuir. Nem por trabalho e nem pela criminalidade. Começam a viver de forma animalesca e se acostumam com a brutalidade, se acostumam com a violência, com a morte, com a banalidade do sofrimento. Como um soldado na zona de guerra: a morte já não faz diferença. SERES EMBRUTECIDOS E DESUMANIZADOS. Infelizmente. E O QUE COBRAMOS? Mecanismos de repressão, policiamento, maioridade penal, prisão (nosso sistema penitenciário falido...), políticas agressivas tão deficitária, quanto tudo que foi feito até agora. Por que não é aí que reside o problema. Se fosse até que seria fácil a solução.
      Gente como a THATCHER que defendeu os interesses da classe dominante e atacou sistematicamente os trabalhadores; gente como FELICIANO que com sua ira e intolerância ataca a pluralidade social; o atraso em defender os direitos das EMPREGADAS domésticas tratadas até hoje por mulheres da classe média e por madames como mucamas de luxo sem direito algum; a morte do VICTOR, SÃO TODOS ASSUNTOS COM UMA MESMA NATUREZA: DE UM MUNDO ONDE O CAPITAL É VORAZ. E NÃO ME DEIXA DORMIR. 
Evidente que DEVEMOS COBRAR, GRITAR, PROTESTAR para que o Estado tome medidas emergenciais por que a situação é lamentável - para todos nós - moradores ou não das periferias. Mas não medidas que só favoreçam a nossa proteção e danem-se os “outros”. Não medidas que diminuam o impacto da violência em nós, mas aumente no “outro”. O QUE PRECISAMOS É MUDAR O PARADIGMA DA SOCIEDADE, É PRECISO LUTAR, ORGANIZAR, CONSTRUIR BASES PARA NOVAS FORMAS DE RELAÇÃO HUMANA, POIS AO QUE PARECE, ESTA, NÃO ESTÁ DANDO CERTO. E nunca deu. (E não venha falar em utopia, estou falando de transformação histórica)

SOBRE O 8 DE MARÇO: HISTÓRICA OU COMEMORATIVA?


Publicado originalmente no FACEBOOK Dia 06 de março de 2013.

SOBRE O 8 DE MARÇO: HISTÓRICA OU COMEMORATIVA?

       O dia de hoje, como quase todas as datas HISTÓRICAS, foi se transformando por vários motivos (que aqui não cabe discorrer) em uma simples data COMEMORATIVA. Isso é lamentável pois descaracteriza sua função real e esvazia o caráter original de luta pelos direitos da mulher que infelizmente sempre sofreu com as arbitrariedades e visões preconceituosas da sociedade. Seja por que "ela" menstrua e isso em algumas culturas e períodos da história era visto como sinal de sua impureza. Seja por que sua conduta como fora do padrão estipulado era visto como loucura, ou seja por que era (e ainda é) necessário a reprodução da condição de inferioridade da mulher para que fosse imputado a "ela" o exclusivo papel de reprodução da espécie. 
       Quando ocorre a Revolução Industrial e burguesas A proletarização das mulheres após a industrialização ocorrida no século XVIII originou um dilema: a oposição entre a mulher do lar – desejada pela sociedade patriarcal-cristã – e a mulher trabalhadora – mão de obra barata e necessária no processo de produção. O que ocorreu foi uma reprodução dos preconceitos reforçando o mesmo papel dado a mulher, apenas acrescentando mais obrigações.   
         A origem da data é de luta pelos direitos e não comemoração pela sua fragilidade. Não são flores que irão mostrar o respeito que temos pelas mulheres. É lutando contra a impunidade dos estupradores que acham que as mulheres são objetos sexuais para consumo, contra os namorados e ex-maridos que por não aceitar que uma mulher possa rejeitá-lo prefiram matar do que se separar, contra homens que acreditam que suas filhas são suas posses e podem usá-las sexualmente por que tem direito como pai, contra os salários menores da mulheres em mesmas funções que os homens, contra maridos que amassam as roupas passadas no fundo do guarda roupa para a mulher ter que passar tudo novamente ou suja a casa inteira para ela ter que limpar tudo de novo apenas para ficar cansada e não continuar a fazer a faculdade a noite (e outros milhões de casos que eu poderia seguir narrando para ilustrar que ainda há muito pelo que lutar) 

    Segue o link da Revista PUCViva nº 41 - onde publicamos um artigo (eu e minha amiga Débora Goulart)sobre as mulheres na Comuna de Paris, como homenagem a mulher trabalhadora e lutadora com jornada duplas, triplas e que ainda tem que provar que é mais do que um produto para vender cerveja.
(Foto tirada por mim, Lilian Marta Grisolio na ocasião da minha viagem para Benjamin Constant. Tabatinga e Letícia - Amazonas, na divisa de Brasil, Peru e Colômbia).

A MORTE DE HUGO CHAVEZ


Publicado originalmente no FACEBOOK Dia 06 de março de 2013.

A MORTE DE HUGO CHAVEZ

     Com a morte de Chavez, podemos perceber algo fundamental para nossas análises: a enorme capacidade de manipulação da grande imprensa. Infelizmente nós temos uma mídia que já possui opiniões fechadas sobre revoluções, rebeliões, rebeldias e revoltas. Sobre qualquer um que de alguma forma ameace o poder constituído ou a situação vigente. Aqui no Brasil as pessoas não conhecem a América Latina, estudam um pouco ou quase nada, as informações são única e exclusivamente recebidas pela grande mídia, e mesmo assim se tornam grandes conhecedores das especificidades da complexa situação da América Latina. Em poucas horas li tantas críticas e ataques ao presidente morto que chega ser espantoso. No entanto, mais espantoso é a maioria não sustenta seus ataques por meio minuto num debate mais sério e sem o uso do senso comum. Coisas que li:    Ele era um ignorante. Mas ele era mestre em ciência política! Outra: a população foi manipulada. Sempre que o povo apoia um governo é por que são ignorantes despolitizados, mas quando enfrentam é a primavera dos povos, aí são sábios. Ele enriqueceu as custas dos idiotas. Isso soa até piada de amu gosto. Ele redistribui a riqueza do petróleo, nacionalizou empresas, fez o maior plano de moradia da história da América Latina e ainda acabou com o analfabetismo (isso anunciado pela própria UNESCO).

     O que fazer, então? Primeiro, critique apenas o que deve ser criticado. Segundo, e mais importante: Ter mais cuidado ao dar opiniões feitas a partir de leituras de outros, indiretas e impregnada de interesse de classe. Antes: procure outras fontes, leia outros autores, olhe por outro viés, coloque em dúvida todas as informações fáceis e compartilhadas do mesmo jeito e para o mesmo fim. Aí sim, pode falar sobre o assunto sem medo de parecer um papagaio alienado. E só para deixar claro, senhores, não se trata de defender o governo Chavista - do qual tenho várias críticas (formato do governo, centralização, projeto de poder, controle...) - e sim, falar com propriedade, seja para o bem ou para o mal.

QUAL A SEMELHANÇA ENTRE O GALÃ DAVID BECKHAM E O FORMIDÁVEL ATOR GERÁRD DEPARDIEU?


Publicado originalmente no FACEBOOK  d

ia 18 de fevereiro de 2013.

QUAL A SEMELHANÇA ENTRE O GALÃ DAVID BECKHAM E O FORMIDÁVEL ATOR GERÁRD DEPARDIEU? 

Resposta: DECEPÇÃO
       Na semana passada fiquei de certa forma satisfeita com a notícia de que David Beckham iria doar todo o seu novo e milionário salário do Paris Saint-Germain (time francês) para uma instituição de caridade. Sua fala: "Decidimos que meu salário será direcionado a uma instituição de caridade infantil e essa é uma das coisas as quais estou animado e orgulhoso de poder fazer”, estampada no Le Monde me pareceu despretensiosa e até com certo ar de nobreza de espírito para alguém já tão-tão-tão milionário. Eis que na semana seguinte sou forçada a perder a ingenuidade e entender o que estava por trás daquela generosidade capitalista. A notícia que os deputados franceses tinham aprovado um IMPOSTO ESPECIAL DE 75% SOBRE OS ALTOS RENDIMENTOS fez minha breve ideia sobre o jogador - com pinta de príncipe de conto de fadas - caísse por terra. O imposto proposto por François Hollande durante sua campanha presidencial foi aprovado e será aplicado durante dois anos para os rendimentos superiores a um milhão de euros por ano e por contribuinte. Claro que a direita e a alta burguesia gritaram. O ex-ministro Benoist Apparu, de direita, declarou que “todo mundo sabe que isso não vai dar em nada e que só vai provocar a fuga das pessoas que ganham esse montante”.

           Ele tem razão, não bastasse eu descobrir que o jogador bonitão falsamente doa sua fortuna legalmente e depois pode ganhar alguns PRESENTINHOS do atual proprietário do time (um grupo dos Emirados Árabes, a Qatar Investment Authority - QIA, tendo o qatariano bilionário Nasser Al-Khelaifi como presidente do clube) UMA ILHA, UM JATINHO, UMA FERRARI....(sim, fui pesquisar tudo isso por que fiquei indignada)
Mas pior que isso...a facada mesmo veio quando o Monsieur Gerárd Depardieu anunciou sua decisão de solicitar cidadania russa. O motivo: a medida do presidente socialista francês, François Hollande, de taxar em 75% quem ganha mais de um milhão de euros por ano (R$ 2,7 milhões). Alguém devia avisar o Monsieur Depardieu que se ele optasse pela cidadania brasileira seria mais feliz. Aqui a carga tributária para os milionários é muito mais leve e nem existe essa de taxação para grandes fortunas. Eu, como professora universitária devo pagar proporcionalmente mais que o Eike Batista...
       Os gols do jogador-galã não me faz falta e muito menos aquela pessoa arrogante e detestável com quem ele se casou (ele escolheu a dedo a pior das spice gilrs). E a história se pensarmos em quem são os dois não fica tão contraditória assim - eu é que fui ingênua e vi uma atitude generosa onde não existia. Entretanto a atitude de   me deixou pasma...talvez por que novamente eu ingenuamente tenha confundido o ator e seus personagens como o mineiro em Germinal um clássico do Émile Zola sobre igualdade e exploração ou Vatel, a clássica crítica contra as extravagancias da nobreza francesa. QUAL A SEMELHANÇA ENTRE O GALÃ DAVID BECKHAM E O FORMIDÁVEL ATOR GERÁRD DEPARDIEU? A minha visão pueril, mas tudo bem foi uma ingenuidade momentânea – o que me lembra sempre: voltemos ao Marx: “Em luta essas condições sociais, a crítica não é uma paixão cerebral, mas o cérebro da paixão. Não é um escalpelo, é uma arma”.

COMENTÁRIO SOBRE A DESCOBERTA DOS RESTOS MORTAIS DE RICARDO III NA INGLATERRA


Publicado originalmente no FACEBOOK Dia 11 de fevereiro de 2013.

COMENTÁRIO SOBRE A DESCOBERTA DOS RESTOS MORTAIS DE RICARDO III NA INGLATERRA

O iluminado homem moderno, Shakespeare, costumava retratar a nobreza do seu tempo (Era Moderna - XV -XVIII) como eram dissimulados e violentos (entre outras coisas...). O Ricardo III, apenas dois anos no poder, foi certamente um desses Reis Absolutos e desprezíveis que agora, com a descoberta de seus restos mortais a monarquia na Inglaterra tenta "recuperar sua imagem" como um bom estadista. Impossível. Mas infelizmente sempre tem historiadores sem consciência de classe que cumprem esse papel hediondo. Nas palavras de Shakespeare (em outra peça) algo que se enquadra bem ao REI em questão:

“Posso sorrir, e matar enquanto sorrio,E proclamar-me feliz com o que me aflige o coração,Molhar as minhas faces com lágrimas fingidasE acomodar a minha cara a todas as ocasiões...Posso acrescentar cores ao camaleão,Mudar de forma mais depressa que ProteuE mandar para a escola o sanguinário Maquiavel!”

(Shakespeare - Ricardo II, Ato 3, Cena 5)

OBS: Mas é preciso admitir... vi a reconstrução da face na internet e tirei duas conclusões: 1ª Viva a ciência! e 2ª Ele era mais bonito do que retratado nas pinturas conhecidas.

QUAL A FUNÇÃO DO FACEBOOK? E pq deixa-lo?

Este texto gestou a ideia deste BLOG e foi originalmente publicado no Facebook


QUAL A FUNÇÃO DO FACEBOOK? E porque deixa-lo? 


Olhei pra pergunta do FACEBOOK hoje "NO QUE ESTÁ PENSANDO?" e respondi: Hoje estou pensando na imagem mais bonita que vi na minha vida, sem querer parafrasear o horripilante Paulo Coelho, mas sentei e chorei com essa visão do alto da torre Eiffel em Paris, acho pq pensei na Revolução Francesa, na Comuna de Paris, no Sartre,  (vale a pena dar uma olhada no panorama 360º disponível na net). E deu uma vontade de jogar tudo pro alto depois de uma semana pesada de muito, muito trabalho!
Estou questionando muito se esse negócio de redes sociais são realmente benéficas mesmo. Me animei quando passei a usar este instrumento para me comunicar com meus alunos e meus pares sobre assuntos importantes, reflexões e debates, também fiquei feliz com a possibilidade de contato com meus amigos e familiares que os muitos Km e falta de tempo insiste em nos distanciar, fiquei feliz também com os risos que me proporciona com as piadas e charges. As vezes me pego rindo horas depois...
Mas nem tudo é flores porque cada um acha que o Facebook serve pra algo específico: uns apenas pra dizer que fritou um ovo, outros só pra diversão, alguns pra que sirva de vitrine de si mesmo, outros para fomentar debates e ideias, outros para contatos interpessoais, outros apenas para ver os outros, outros para causar polêmicas e ser do contra, outros como instrumento de trabalho, outros acham que é pra tudo isso junto, sem regras, outros apenas para post de imagens e charges, outros para textos curtos, outros para notícias e circulação de opiniões, ou só pra divulgar fotos, ou divulgar shows, ou a vitória do seu time, ou um evento público, uma luta coletiva, ou...ou. E quem está com a razão?
Enfim, é tudo isso ao mesmo tempo e quanto mais eu add pessoas, amigos, alunos, familiares mais vivencio isso tudo. Esta semana tive uma ou duas situações de "desinteligência" como diria alguns amigos, ou deselegância como diriam outros. Contentar a todos que conheço, impossível. A não ser que eu vendesse cachorro quente na praça da Sé? As coisas do mundo sem o cientificismo da acadêmia são bem mais fáceis. Mas as pessoas são de planetas diferentes! Depois de estudar por quase 18 anos a sociedade em que vivo, deixar de falar, atuar e acreditar? Não cumprir meu papel como formadora de opinião e educadora com meus alunos que me solicitam e me procuram como uma interlocutora? Deixar de rir e me aproximar de quem amo? O irônico dessa história é que aqui também cada qual terá sua resposta diferente e até opostas. Que bom. Por que eu também tenho a minha.
Uma amiga esta semana -sem saber de meus conflitos - me deu uma ideia que na hora rejeitei: eu disse que não, eu não tinha competência e capacidade pra manejar os dois. Mas repensei após os incidentes: vou montar um blog e falar com meus alunos e pares por lá, acho que é uma esfera pseudo-privada por que só entra quem quer.
E o Face? Bom, eu sei lá pra que isso aqui serve e se tem alguém certo...