sexta-feira, 10 de maio de 2013

Amor em Marx


       Citei em aula nesta semana, um trecho em que o Karl Marx fala da sensibilidade humana através do amor e da arte. Percebi na hora a cara de espantos dos meninos. Infelizmente ainda prevalece o pouco conhecimento sobre a obra marxiniana o que gerou inúmeras leituras equivocadas. Além, é claro, das acusações antigas e comuns: o determinismo econômico, o mecanicismo e o etapismo. São análises antiquadas, interpretações reducionistas e que pouco expressam a realidade da obra de  Marx.O problema são os usos, leituras e interpretações das obras de Karl Marx, onde os grupos interpretam conforme suas necessidades e interesses. No Brasil, além disso, conforme afirma Leandro Konder  a teoria marxista no início do século no Brasil sofreu ainda mais distorções devido o contexto histórico:
 “No começo dos anos 30, a ‘recepção’ das idéias de Marx no Brasil se realizava em condições marcadas por uma conjunção de diversos fatores extremamente adversos, desfavoráveis à compreensão dos aspectos mais dialéticos do pensamento da filosofia alemã”. 
      (KONDER, Leandro, (1976) “A derrota da dialética: a recepção das idéias de Marx no Brasil até o começo da década de 30”, Editora Campos     
        Rio de Janeiro, p. 19) 


       De qualquer forma, é bom lembrar que a obra de Marx é sobre nossa humanização, portanto sim, ele busca a explicação do que acontece na vida social, e falou sobre a questão da mulher, da religião, da arte, do direito, da cultura, da filosofia, etc, etc...

O trecho comentado, o amor: 
Se se pressupõe o homem como homem e sua relação com o mundo como uma relação humana, só se pode trocar amor por amor, confiança por confiança etc. Se se quiser gozar da arte deve-se ser um homem artisticamente educado; se se quiser exercer influência sobre outro homem deve-se ser um homem que atue sobre os outros de modo realmente estimulante e excitante. Cada uma das relações com o homem - e com a natureza - deve ser uma exteriorização determinada como vida individual efetiva que corresponda com o objeto da vontade. Se amar sem despertar amor, isto é, se teu amor não produz amor recíproco, se mediante tua exteriorização de vida como homem amante não te convertes em homem amado, teu amor é impotente, uma desgraça.
(Karl Marx, Manuscritos Econômicos-Filosóficos, 1844)

Se não despertas amor: teu amor é impotente...uma desgraça...

4 comentários:

  1. Portanto,não basta desejar influênciar a formação de um aluno,pois estaria destinado ao fracasso se o professor não for estimulante e excitante?

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  2. Adorei este texto professora Lilian. De fato, as deturpações sobre a obra de Marx continuam atuando fortemente no nosso país. Parabéns pela iniciativa do blog, acompanharei sempre!!! Abraços...

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  3. Ah que inveja branca dos seus alunos! Queria estar na sala de aula :/ Bjos

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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